Sábado, 23 de Novembro de 2024
Brasil Ginasta

Com menos de 13 anos, ginastas treinam até 28 horas antes de competição

Atletas baianas disputam Torneio Regional de Ginástica Rítmica, em Lauro de Freitas

09/09/2023 às 06h40
Por: Redação Feira Em Pauta
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Fotos: Jonas Farias
Fotos: Jonas Farias

Um ano de empenho resumido em um minuto e meio de apresentação. Esse é o desafio enfrentado pelas ginastas baianas a cada campeonato que participam. Para chegar ao Torneio Regional de Ginástica Rítmica, que acontece na Arena de Esportes da Bahia, em Lauro de Freitas, até domingo (10), algumas delas chegam a treinar 28 horas por semana.

Aos 10 anos de idade, Maria Eduarda Seabra já acumula quatro anos como ginasta rítmica e destaca a relevância de ter começado cedo para conquistar o título de campeã baiana na categoria pré-infantil. “Tem coisas que eu sei fazer porque comecei a praticar [quando era] muito nova. Hoje elas me ajudam a ter um bom desempenho em exercícios mais difíceis, além de inteligência mental para lidar com a rotina”, afirma.

Desde então, Maria Eduarda já soma títulos em pelo menos outras duas competições diferentes. O preço para ocupar essa posição sendo tão jovem pode parecer alto para outras crianças da mesma idade dela. Nada de comer doces e salgadinhos nas semanas próximas a competições e adiar momentos divertidos são alguns exemplos. No feriado da última quinta-feira (07), ela precisou deixar de ir ao aniversário da melhor amiga para se dedicar à competição regional, que é uma seletiva para o Torneio Nacional de Ginástica Rítmica que acontece em São Paulo, no mês de outubro.

Para competir no aparelho bola e mão livres do Torneio Regional de Ginástica Rítmica ela ampliou os treinos de 16 para 28 horas por semana. Mesmo diante do sacrifício, Maria Eduarda não hesitou em responder "sim" ao ser questionada se valia a pena. E tem a razão para isso muito clara na cabeça. “Nós ficamos mais maduras, sabendo lidar melhor com a vida adulta”, afirma.

A ginasta Safira Santos, de 10 anos, compartilha da mesma opinião. Prova disso é que mesmo antes de se 'entender como gente', ela já demonstrava paixão pelo esporte. Antes dos 3 anos de idade ela começou a acompanhar a mãe, que é ex-ginasta e professora de ginástica, nos treinos. O resultado foi a descoberta de habilidades incomuns para uma bebê. Aos 3 anos ela já demonstrava aptidão para treinar e começou.

Nesse período, os treinos são voltados à diversão das crianças. Agora ela treina quase todos os dias da semana, por pelo menos quatro horas diárias e busca alcançar o nível das competidoras mais velhas. “Depois que eu entrei nesse meio não quis mais sair. Eu amo o clima e sonho em chegar longe como as ginastas mais velhas. Quando vejo um movimento mais difícil me dedico, porque é esse desafio que me move”, garantiu Safira.

Maria Clara Gomes começou a praticar a ginástica um pouco mais tarde, aos 7 anos, mas já acumula o mesmo tempo de experiência de Safira. Não à toa, ela tem se destacado e está na mira de campeonatos internacionais. O foco agora, no entanto, é na atual competição, onde ela vai disputar uma vaga no aparelho bola e mãos livres. Semanas antes de subir no tablado, a ginasta ampliou os treinos de 16 para 24 horas por semana.

A preparação envolve exercícios de força, alongamento e preparo psicológico. “Acredito que o psicológico é uma das partes mais importantes da rotina de treino, para na hora do campeonato não se perder ou fazer algo errado e ficar triste por isso. Nossa meta é manter sempre a cabeça erguida”, afirma a ginasta.

Maria Moura, de 11 anos, também tem se dedicado muito para conquistar o primeiro prêmio na ginástica rítmica, além de uma vaga na fase nacional da competição. São quatro horas de treino por dia, incluindo os finais de semana durante alguns campeonatos. “Muitas vezes meus amigos me chamam para sair e eu não posso, mas se você ama, vale a pena. Nós fazemos amizades e aprendemos que medalha é apenas um objeto. Ganhar mesmo é sair da quadra feliz”, afirma.

Para a presidente da Federação Bahiana de Ginástica (FBG), Evelin Lôbo, o esporte, seja qual for, também gera determinação, socialização, disciplina, concentração e intercâmbio cultural. “Com certeza, quem faz esporte está muito mais preparado para as situações da vida que se não existe o esporte a gente não daria conta”, destaca.

Ao todo, o torneio reúne 420 atletas de 48 clubes, vindos de oito estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe).

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