Dizer que Feira de Santana tem poucas opções de turismo é uma "visão equivocada, sem qualquer embasamento" e que denota "falta absoluta de conhecimento da cidade". A avaliação é da chefe da Divisão Municipal de Apoio às Atividades Turísticas, Graça Cordeiro, entrevistada pela Assessoria de Comunicação da Câmara em uma série de reportagens especiais pelo aniversário de emancipação política da cidade - 190 anos, a completar-se em 18 de setembro. Graduada em Ciências Contábeis e especialista em Turismo, há vários anos ocupando o cargo público, ela está entusiasmada com a elaboração, em curso, de um Plano Municipal de Turismo feito pelo Sebrae, por meio de contrato com o Poder Executivo.
Natural da vizinha cidade de Tanquinho, Graça habita terras feirenses há 50 anos. A longa experiência na área lhe faz garantir que Feira tem "muito mais" que o tão propalado turismo de negócios. Ao traçar um roteiro que inclui vários pontos da cidade e também nos oito distritos (os atrativos da zona rural vão ser destacados especificamente em uma próxima reportagem) ela diz que este "passeio" começa na Galeria do Artesão, mais precisamente na fábrica de selas. "É uma forma de conhecer a origem de Feira de Santana, por meio da indumentária do cavaleiro e do vaqueiro, bem como os adereços do cavalo, que era o meio de transporte da época", diz, citando o jaleco, a bota e o chapéu de couro. Também podem ser encontradas peças de artesanato em corda, palha, tecido e argila.
Dali para o Mercado de Arte Popular é bem rápido, onde é possível encontrar artesanato, confecções e restaurantes - vale experimentar a saborosa maniçoba, da Ana. O visitante também tem a oportunidade de conhecer um prédio centenário, construído por Bernardino Bahia, onde surgiu a primeira feira livre da cidade, transferida para o Centro de Abastecimento em 1976. Os caminhos da história passam pela rua Sales Barbosa, a antiga rua do Meio, que leva o nome do famoso personagem que cursou Direito, mas decidiu seguir a poesia. A praça Fróes da Mota e a Igreja dos Remédios são pontos que antecedem a visita ao Casarão Fróes da Mota. "Um verdadeiro palácio construído próximo a um curral na praça do Nordestino", destaca Graça Cordeiro. O imóvel hoje sedia a Fundação Senhor dos Passos.
Aliás, a bela arquitetura da Igreja Senhor dos Passos é apontada por ela como espaço de visitação obrigatória, como os prédios da Prefeitura e da Câmara Municipal, ambos de traços belíssimos e cercados de histórias. O primeiro ocupa um lugar que, segundo ela, já foi cemitério; o segundo, durante muito tempo a cadeia pública da cidade. O Museu Parque do Saber, com toda a sua estrutura tecnológica, também faz parte desse roteiro, assim como a Galeria de Arte Carlo Barbosa e o Museu de Arte Contemporânea (MAC), Observatório Antares e Parque da Lagoa.
No Plano Municipal de Turismo, a ideia é destacar o potencial nas áreas cultural, esportiva e rural, incluindo-se o Lago Pedra do Cavalo. O levantamento apontou o comércio e os negócios como principais atrativos para os visitantes da Princesa do Sertão. Falando à imprensa sobre o planejamento do Sebrae para este projeto, o gerente adjunto do órgão, Renato Lisboa, disse que setores como a cultura, o artesanato e a gastronomia precisam ser melhor incentivadas. A previsão da Prefeitura era de que a proposta ficasse pronta no mês de abril deste ano. Há, portanto, atraso de alguns meses na conclusão deste trabalho, que ainda não tem nova estimativa de conclusão.