Terça, 26 de Novembro de 2024
Feira de Santana Cultura do cuidado

"Cultura do cuidado e não da vigilância", propõe pesquisadora em Audiência Pública sobre violência nas escolas

Representando o NTE (Núcleo Territorial de Educação) e a Secretaria de Educação do Estado, Humberto Nascimento, ressaltou que embora tenha sido registrado muitos ataques ultimamente, o poder público não pode, ao buscar saída para a segurança na escola, focar em "soluções reducionistas" apenas

10/05/2023 às 10h46
Por: Redação Feira Em Pauta Fonte: ASCOM-CMFS
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Foto: Marcio Garcez / ASCOM-CMFS
Foto: Marcio Garcez / ASCOM-CMFS

O cenário atual de crescente violência nas escolas pode mudar, se houver a adoção de estratégias que estimulem a politica de convivência, a intermediação de conflitos e a melhoria da vivência no ambiente escolar. A proposta é da pesquisadora e doutoranda em Educação pela Unicamp, Elvira Pimentel,  convidada  da Audiência Pública que aconteceu na Câmara, na tarde de terça (9), sobre “Enfrentamento à violência nas escolas e creches”. O encontro foi promovido pela Comissão Permanente de Educação e Cultura da Casa, formada pelos vereadores  Jhonatas Monteiro (PSOL), presidente;  Petrônio Lima (Republicanos), vice-presidente, e Professor Ivamberg (PT), membro.  De acordo com a especialista, estudos demonstram que os ataques têm sido estimulados por discurso de ódio, amplamente propagado em ambientes das redes sociais.

Às vezes, explicou, a violência também decorre de falhas existentes “dentro das próprias escolas”, como é o caso do descuido com a prática de bullying. Por isso, ela disse, é preciso adotar a cultura do cuidado, que promove continuamente o respeito ao outro e aos direitos humanos, e não a cultura da vigilância. Na avaliação da pesquisadora, fatores como um maior tempo de exposição na internet e a retirada de temas de convivência pacífica da discussão na escola, contribuíram para o aumento e a banalização da violência. Dessa forma, defendeu, “voltar a inserir a temática nas disciplinas e currículo escolar” e definir um protocolo de prevenção, ajudará a construir a cultura do diálogo e da escola como "espaço de acolhimento".

Para o representante do Comitê de Segurança Escolar de Feira de Santana, André Luis Gomes, esse agravamento da violência também resulta do "grande nível de negligência coletiva” em relação ao processo educacional. “Somos co-responsáveis, pois educação se faz com família e sociedade presente. Mas, infelizmente, escola ficou restrita a professor e aluno”, afirmou. Com base na experiência do comitê, fundado em 2017 e composto por gestores, professores e oficiais de polícia, todos voluntários, ele aponta que a maioria dos problemas não está ligada à invasão de locais de ensino e que "a presença da sociedade dentro do ambiente escolar", pode diminuir os diversos tipos de violência detectados.

Representando o NTE (Núcleo Territorial de Educação) e a Secretaria de Educação do Estado, Humberto Nascimento, ressaltou que embora tenha sido registrado muitos ataques ultimamente, o poder público não pode, ao buscar saída para a segurança na escola, focar em "soluções reducionistas" apenas. "A abordagem tem que ser ampla. A escola não é só espaço de transmissão de conhecimento, mas de formação do cidadão. E isso perpassa por profissionais capacitados, papel da mídia na disseminação de valores éticos e impacto das redes sociais no comportamento de crianças e adolescentes", destacou. A representante da Secretaria Municipal de Educação de Feira, Selma Barros, chamou a atenção para ações de promoção da segurança escolar já em andamento no Município, a exemplo de diálogo com o Ministério Público, vistorias e controle de acesso ao ambiente, ações pedagógicas, dentre outros.

O presidente da Comissão de Educação, Jhonatas Monteiro avaliou como pontos essenciais abordados na audiência a necessidade de se adotar um protocolo comum de segurança nas escolas e a realização de um Seminário visando envolver mais a sociedade na discussão do problema. "Me preocupa muito a falta de participação da sociedade local na construção das soluções. Isso não pode ficar restrito a profissionais da educação e segurança pública e é um equívoco como ouvimos aqui, se enveredar apenas na ideia de muro alto, cerca elétrica e detector de metal", afirmou.

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