O Brasil se tornou um dos países com mais suspeitas de fraudes de acerto de resultados de competições esportivas no mundo, de acordo com a Sportradar, uma empresa estrangeira que acompanha as possibilidades de fraude em 400 casas de apostas pelo mundo.
A empresa compila dados sobre esportes para que os apostadores tenham informações para poderem tomar decisões, também diz que os jogos têm sinais de fraudes em apostas.
O ranking de possíveis casos de fraudes da companhia no ano passado foi o seguinte:
Brasil: 152
Rússia: 92
República Checa: 56
Cazaquistão: 43
China: 41
Grécia: 40
Argentina: 39
Esses números são referentes a todos os esportes, não apenas a futebol.
A empresa afirma que dados de mais de 400 casas de apostas no mundo constam nos sistemas dela. Quando surgem valores elevados de apostas em comparação com a média, entende-se que há um problema em potencial que precisa ser investigado.
As próprias empresas de apostas também fazem alertas à Sportradar quando identificam que há um volume de dinheiro fora do normal.
Tom Mace, diretor de operações da Sportradar, diz ao g1 que a empresa analisa a movimentação nas apostas para detectar os possíveis alertas de manipulação. “Mudanças drásticas nas probabilidades (de resultados) e picos nos volumes de apostas são uma bandeira vermelha", ou seja, uma indicação de que os apostadores conseguiram manipular um jogo.
Esses picos de apostas muitas vezes só existem porque alguns apostadores têm conhecimento prévio de um determinado resultado de jogo, ele afirma. “A mesma lógica se aplica a apostas em cartões amarelos e número de escanteios, e vimos várias partidas suspeitas com esse tipo de manipulação aumentarem nos últimos anos”, afirma Mace.
empresa dele já presta serviços para a própria CBF e para algumas entidades estaduais de futebol no Brasil.
O problema é que o grosso das fraudes em apostas não acontece nos principais campeonatos de um país. “No futebol global, 52% dos jogos suspeitos aconteceram na terceira divisão ou ainda mais baixa, inclusive os torneios regionais e juvenis”, afirma Mace.
Nessas competições, segundo ele, há um outro fator que contribui para um incentivo a fraudes: os salários já são muito mais baixos do que nos torneios importantes –muitas vezes, há até mesmo falta de pagamento.
O Ministério Público de Goiás já investiga desde fevereiro um grupo especializado em fraudar resultados de jogos da série B do Campeonato Brasileiro.