Sábado, 23 de Novembro de 2024
Feira de Santana Animais peçonhentos

Feira tem aumento de 132% de acidentes com animais peçonhentos

Biondi diz ainda que em casos em que a vítima não viu o animal que picou, os profissionais de saúde devem avaliar os casos pelos sintomas.

20/07/2024 às 08h37
Por: Redação Feira Em Pauta Fonte: Folha do Estado
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Foto: Divulgação
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Em Feira de Santana aconteceram mais de 400 acidentes com animais peçonhentos só em 2024. Os dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) mostram que, até junho deste ano, foram registrados em todo o território baiano 14.896 casos de ataques de animais peçonhentos, sendo que o maior número foi com escorpiões, totalizando 10.481 vítimas, seguido de serpentes, com 1.839 casos; 1.054 pessoas sofreram ataques de abelhas e 604 foram vítimas de aranhas.

No Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), o número de atendimentos por conta desses animais é ainda maior, 517 casos foram atendidos apenas este ano, de acordo com a unidade. No mês de maio de 2024, em comparação com maio de 2023, os atendimentos aumentaram 132% na cidade.

De acordo com a bióloga, Ilka Biondi, especialista que coordena o laboratório de animais peçonhentos da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), em entrevista ao BATV, o principal motivo do aumento dos ataques é o impacto ambiental.

“Infelizmente o desmatamento obriga o animal a sair do seu habitat natural e buscar outro local dentro das casas, mas cada animal tem sua especificidade. Às vezes, com serpente acontece mais na zona rural, mas nossa maior preocupação são as ocorrências na zona urbana, porque envolve atividades de manutenção da casa, como tirar o lixo, calçar o próprio sapato, entre outros. Anteriormente, o HGCA era o hospital de referência, mas hoje muitas pessoas vão para UPA, onde por mais equipada que seja, não consegue atender com rapidez uma situação de acidente com escorpião. Por exemplo, em 2 horas o quadro muda de leve para grave porque a toxina alcança a placa motora. Não tem aparelho, um equipamento para entubar. Na minha opinião todo acidentado com animal peçonhento deve ser levado direto para o Clériston Andrade ou, em caso de criança para o Hospital Estadual da Criança (HEC)”.

Biondi diz ainda que em casos em que a vítima não viu o animal que picou, os profissionais de saúde devem avaliar os casos pelos sintomas.

“Quando a gente conhece o acidente a parte médica tem a obrigatoriedade de separar o acidente pelos sintomas. Por exemplo, a aranha é um acidente neurotóxico, igual a cascavel. Então se o paciente não viu a picada, é obvio que foi uma aranha e não a cobra. Animais que causam necrose na ferida, como a jararaca, que da um edema imenso. Eu tenho mais medo de picada de aranha, do que de serpente, porque a primeira é mais difícil ser identificada, ainda não conhecemos a fauna total das aranhas, sabemos que a aranha marrom causa uma ferida grande local e vai destruindo tecido, mas pode existir outras aranhas que também causem isso. Sobre um acidente que a pessoa não viu e nem tem fotos, não podemos fazer o exato juízo de valor, porque pode ter sido várias coisas”

Ângela Carvalho, coordenadora da Vigilância Epidemiológica do HGCA, em entrevista ao portal G1, alerta que as vítimas de animal peçonhento devem buscar o hospital geral o mais rápido possível e receber prioridade no atendimento.

“Qualquer pessoa que for vítima de qualquer animal peçonhento, seja cobra, escorpião, lagarta, aranha, abelha, deve vir direto ao Hospital Cleriston Andrade, não precisa passar por nenhum outro lugar. O paciente não vai pegar fila, deve fazer a ficha pois é atendimento prioritário, será avaliado pelo médico e será prescrito as devidas medicações e exames. O nosso maior quantitativo são pacientes vítimas de acidentes com escorpião, mas são quem menos toma o soro antiescorpiônico, pois a picada do escorpião é grave para crianças e idosos que tem menos massa muscular. Já no adulto causa poucos problemas e o maior deles é dor da picada. Diferente do que acontece com pessoas picadas por cobras peçonhentas onde todos devem usar o soro”, explica.

 

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