O médico obstetra Carlos da Costa Lino tinha planos de colocar uma peruca e se maquiar só no próximo final de semana, quando participará, pela primeira vez, da Parada LGBT+ em São Paulo. Tudo mudou na manhã de domingo (4), quando o plantonista do Hospital da Mulher, em Feira de Santana, se montou para atender uma paciente grávida, que proferiu ofensas homofóbicas contra seu amigo Phelipe Balbi Martins, médico ginecologista da unidade.
A atitude inusitada para defender o amigo pessoal e colega de profissão só foi possível porque os caminhos trilhados por Carlos, desde a infância, tornaram-no corajoso. Criado sob uma educação rígida em que a heterossexualidade era obrigação, enfrentou um longo caminho de opressões e inseguranças até assumir seu nome artístico, Diamann Nefer, e fazer performances como drag queen. Tudo isso enquanto concilia a carreira de obstetra, já tendo sido diretor de duas unidades hospitalares ao mesmo tempo.
Em comum, além da orientação sexual, os amigos Carlos e Phelipe dividem a paixão por Ivete Sangalo, a profissão e as dores de serem alvo de preconceito. Nenhum dos dois havia enfrentado situação semelhante dentro do ambiente de trabalho, mas, fora dele, a homofobia é recorrente.