A primeira biblioteca adaptada para autistas do Brasil será inaugurada em Feira de Santana, no próximo dia 5 de agosto. A iniciativa é do Instituto Família Azul Ildes Ferreira de Oliveira, que completa 8 anos de criação.
Cinthia Souza, presidente do Instituto Família Azul diz que a ideia foi idealizada há 6 anos e tem o objetivo de inserir crianças autistas e responsáveis no mundo da leitura, além de provocar reflexão sobre o olhar social para o autismo. “Esse sonho chegou para nós em 2017, quando começamos a perceber o quanto é necessário trazer o mundo da leitura para nossas crianças. A forma como encontramos para fazer isso foi trazer de forma lúdica, adaptando conceitos que eles já aprendem nas terapias que são cores, formas, texturas. O tema ‘Pele tem cor?’, foi escolhido para esse primeiro momento de abordagem, de intervenção, porque fala a essência do ser humano, como o outro nos vê, independentemente de como somos. O tema traz reflexão a partir de conceitos já estabelecidos que começam a mudar a partir do momento que você é tocado e convidado a olhar o mundo do outro de uma forma diferente, que é tão deles. Pele tem cor? A cor que eu busco em você está no seu sorriso, a cor está na forma como o outro me vê. Eu posso ser autista, mas também sinto o seu olhar sobre mim”, diz.
A educadora explica que o projeto leva o nome do secretário Dr. Ildes Ferreira, pois é o Instituto Azul Ildes Ferreira de Oliveira, que, assim como o nosso fundador, lutou muito para buscar a possibilidade de realizar a BiblioTEA. “Fazer com que essas crianças entendam os números dos livros, a necessidade de viabilizar que eles tenham acesso. Depois disso, começamos a pensar e amadurecer e agora chegou o tempo da realização do sonho que ele plantou em nós. A equipe multidisciplinar do Instituto Azul, que traz essa mensagem da BiblioTEA é a equipe de psicopedagogos e psicólogos, então nosso maior desafio é realmente conseguir adaptar, fazer com que essa mensagem chegue de forma verdadeira e eficaz para crianças de transtornos variados. Temos crianças de suporte 1, 2, 3 e os mais graves. O Instituto hoje acolhe crianças de 2 a 16 anos, cada um tem uma história de vida e uma realidade cultural e familiar. Esse é o nosso maior desafio, realmente resgatar a cultura de ler para essas famílias, aquele pai, mãe, que muitas vezes, nem acredita que o filho consiga compreender. Será desafiador, mas tenho certeza que vai mudar os lares na nossa cidade”, conta.
Segundo a ativista, eles desejam chamar a sociedade, resgatando pessoas para estarem juntos ao instituto no período de adaptação e entender como vai funcionar a logística.